segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

LOUVOR DO NATAL



Senhor Jesus!
Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.
Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura com que lhes fulgia as vitórias, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.
Levantaram-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.
Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.
Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta, por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.
Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.
Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime...Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.
No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mãos fatigadas a quem te dirigiste na via pública!
A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopéia chamam-se “o cego Bartimeu”, “o homem de mão mirrada”, “o servo do centurião”, “o mancebo rico”, a “mulher Cananéia”, “o gago de Decápolis”, “a sogra de Pedro”, “Lázaro, o irmão de Marta e Maria”.
Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, com bênção de todos.
É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:
- Salve, Cristo! Os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!...

(Emmanuel, do livro ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL, Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos)

sábado, 14 de dezembro de 2013

O BEBÊ DE MARIA



Um poeta do Líbano, que amou Jesus, escreveu um dia a respeito dEle, mais ou menos assim:
Quando Jesus nasceu, Maria, Sua mãe o envolveu em seus braços, como a concha envolve a pérola. E Ele palpitava com o ritmo de sua vida.
Passaram-se as estações, e Ele tornou-se um menino cheio de risos. Ninguém entre nós sabia o que Ele iria fazer, pois parecia sempre fora da nossa espécie.
Brincava com os outros meninos mais do que estes brincavam com Ele.
E Ele cresceu como uma palmeira preciosa em nossos jardins. Seus olhos eram como mel, e cheios do assombro dos dias.
E na Sua boca havia a sede do rebanho do deserto pelo lago.
Depois, os anos O levaram a falar no templo e nos jardins da Galileia. Às vezes, Maria O seguia para lhe escutar as palavras e ouvir as batidas de seu próprio coração.
Jesus visitou outras terras no Leste e no Oeste. Mas Maria O esperava no limiar da casa e, cada entardecer, seus olhos procuravam na estrada pela Sua volta.
Entretanto, após a Sua chegada, ela costumava dizer-nos: "Ele é grande demais para ser meu filho." Parecia que Maria não podia acreditar que a planície tivesse dado nascimento à montanha.
Foi na juventude do ano, quando as flores vermelhas enchiam os montes, que Jesus chamou Seus discípulos e foi a Jerusalém. Pelo anoitecer da quinta-feira, Ele foi capturado fora das muralhas da cidade e feito prisioneiro. Maria, Sua mãe, não pronunciou uma palavra. Mas surgiu em seus olhos o cumprimento daquela promessa de dor e alegria que tínhamos observado quando ela era apenas uma noiva em Nazaré.
Nós chorávamos porque sabíamos qual ia ser o amanhã do seu filho. Mas ela não chorava porque também sabia o que Lhe iria acontecer.
Quando os cascos abafados do silêncio batiam nos peitos dos insones, João, o discípulo amado de Jesus veio e disse: "Mãe Maria, Jesus está indo. Sigamo-lO."
Quando atingiram o monte, Jesus foi erguido na cruz. A face de Maria não era a face de uma mulher desolada. Era o semblante da terra fértil, sempre dando nascimento.
Então Jesus olhou para Sua mãe e disse: "Maria, a partir de agora sê a mãe de João."
E a João Ele disse: "Sê um filho amoroso para essa mulher. Vai a sua casa, e que tua sombra cruze o limiar onde outrora Me postei. Faze isso em Minha memória."
E Maria disse: "Olhai agora, Ele se foi. A batalha está terminada. A estrela já brilhou. O navio chegou ao porto. Aquele que apertei contra meu peito está palpitando no espaço. Mesmo na morte, Ele sorri. Venceu. Fui sem dúvida a mãe de um vencedor."
E Maria voltou a Jerusalém, apoiada em João, o jovem discípulo. E para todos os que quisessem e nela procurassem consolo, ela falava de Jesus.
Falava longamente de tudo que acontecera, de Seus ditos e de Seus feitos, transformando o inverno das incertezas em primavera de esperanças.

(Redação do Momento Espírita, com base no cap. Susana de Nazaré, uma vizinha de Maria, da obra Jesus, o Filho do Homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Iarte.) 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A IRRITAÇÃO



Ao sair do lar, defrontas os problemas da condução e do trânsito,
na busca da tua oficina de trabalho.
Transportes abarrotados, pessoas rudes, multidões apressadas,
violência pela disputa de lugares, ruas e avenidas movimentadas...

Se chove, emperra o trânsito e as dificuldades se ampliam.
Se faz sol, o calor produz mal-estar e as reclamações promovem
aborrecimento.

Se dispões de veículo próprio, não te podes mover conforme
gostarias, pelas vias de acesso, em congestionamento crescente.                                       
Todos têm que chegar a tempo.

O relógio não pára.
Os que se atrasaram pretendem recuperar os minutos perdidos
e atropelam os que estão ao lado ou à frente...
                                     
A irritação chega e se instala, perturbando-te e levando-te a
competir também com os agressivos.
As buzinas produzem bulha, os semáforos te interrompem a
marcha, e tudo parece estar contra os teus propósitos.

Mantém a calma.
Amanhã, propõe-te a sair de casa mais cedo.
A tranqüilidade de todo um dia merece o teu investimento de
alguns minutos.

Não te irrites, portanto, evitando os perigos da ira, que instala
desequilíbrios graves que podes evitar.


(Do livro "Episódios Diários", Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A SOBERANIA DO AMOR


Buscais a razão, a lógica e o raciocínio do amor? Perdeis o vosso tempo. O verdadeiro amor não tem lógica, nem razão, nem raciocínio consoante o critério humano. Sua ação se opera à revelia da nossa razão.
O amor é soberano. Sempre que esse sentimento se manifesta sob o império da razão, acha-se constrangido e desnaturado. O amor puro não se reduz às restrições da lógica, nem tão pouco às do raciocínio: é incoercível, sobrepuja a todos os demais atributos do espírito.
O amor humano não é ainda a expressão do verdadeiro amor, justamente porque age através da razão, porque obedece a motivos determinados. O amor divino paira acima da razão, desconhece motivos, desconhece raciocínios de qualquer espécie.
Jesus ensinou e exemplificou o amor divino. Eis o padrão de amor que ele nos apresenta: “Tendes ouvido o que dizem os homens: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo? Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos maldizem e perseguem para que vos torneis filhos de vosso Pai que está nos Céus, porque ele faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuvas sobre justos e iníquos. Pois se saudardes e amardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem os gentios também o mesmo? Sede, logo, vós perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.”
Qual a razão humana que nos aconselha a amar o inimigo, orar pelos que nos maldizem e perseguem? Onde a lógica deste preceito: Àqueles que vos bater na face direita, oferecei-lhe também a esquerda? Onde o raciocínio desta ordenança: A quem tirar a tua capa dá-lhe também a túnica?
Tais mandamentos não se curvam à nossa lógica, nem à nossa razão, porque são mandamentos do amor, e o amor sobrepuja a todo o entendimento.
A fé do Crucificado importa mais numa questão de sentimento que de entendimento.
O Cristianismo é a revelação do amor. Jesus, o Verbo Encarnado, revelando-nos a Divindade, nos faz sentir que, como disse João, Deus é amor.

(Do livro "Nas Pegadas do Mestre", Vinicius, Editora FEB)