sexta-feira, 27 de junho de 2014

O CANTOR INCOMPARÁVEL


Ele chegou à Terra, anunciado por um coro celestial que foi ouvido por pessoas simples, que se encontravam nos campos. Seres que dormiam sob o dossel das estrelas, enquanto guardavam as ovelhas, na noite ainda não de todo fria.
O Pastor das almas se fez anunciar aos pastores... Significativa mensagem.
Os versos da canção têm sido repetidos ao longo dos séculos, embalando a esperança e sustentando as almas: Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens.
E o Senhor das estrelas se fez carne e habitou entre nós. Aguardou os anos para Ele próprio entoar a mais enlevante canção de todos os tempos.
Canção que atravessou as épocas, que sobreviveu às guerras, às perseguições, às adulterações dos homens de má fé.
Às margens do Genesaré, em Cafarnaum, Dalmanuta, Betsaida, pelos caminhos da Galileia e da Samaria, os homens lhe ouviram a voz, chamando-os para o reino de Deus.
Quando Ele abria a boca e falava, com a autoridade da Sua perfeição, brotavam versos de espiritualidade e conforto moral:
Vinde a mim, todos vós, que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou manso e humilde de coração e achareis repouso para as vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.
Mas Sua canção não era somente de consolo, também de glorificação ao Pai e à vida. Versejador incomparável, tomava da lira da natureza para dedilhar as notas delicadas dos Seus poemas.
Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem fazem provimentos nos celeiros e, no entanto, vosso pai celestial as sustenta.
Considerai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam, e contudo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles.
Os homens e mulheres que O seguiram aprenderam a canção e a vêm repetindo, séculos afora. Nem a noite medieval, com toda sua sombra, conseguiu obscurecer o brilho da canção.
E, até hoje se repete o doce canto de Jesus, fascinando as vidas.
Não somente as vidas desgraçadas e sem esperança, mas as de todos os que desejam ter vida em abundância. E os que descobrem os segredos da canção, a agasalham na acústica da alma. E a cantam também.
Assim foi com os mártires que, durante três séculos, entraram nas arenas, enfrentando as feras, o açoite e o fogo entre canções de louvor.
Aos ataques dos surdos, respondiam com os arpejos da musicalidade que haviam aprendido com o extraordinário Cantor.
E, até hoje, os homens repetem a canção, ansiosos por voltarem a ouvi-la, dos lábios dEle, que venceu a morte, na madrugada da ressurreição.

Jesus é o celeste cantor da Imortalidade. Sua voz prossegue a nos convidar para o Seu reino, que não é deste mundo, que não tem aparências exteriores, o reino dos céus.
Abrandemos a saudade, permitindo-nos ouvir no palco da nossa intimidade, a sonoridade dos seus versos: Eu sou o bom pastor. Nenhuma das ovelhas que meu pai me confiou se perderá.
O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas.


(Da redação do Momento Espírita, baseado nos Evangelhos de Mateus e João)


quinta-feira, 19 de junho de 2014

CARTÃO DE VISITA



Em qualquer estudo da mediunidade, não podemos esquecer que o pensamento vige na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma.
Analisando-o, palidamente, tomemos a imagem da vela acesa, apesar de imprópria para as nossas anotações.
A vela acesa arroja de si fótons ou força luminosa.
O cérebro exterioriza princípios inteligentes ou energia mental.
Na primeira, temos a chama.
No segundo, identificamos a idéia.
Uma e outro possuem campos característicos de atuação, que é tanto mais vigorosa quanto mais se mostre perto do fulcro emissor.
No fundo, os agentes a que nos referimos são neutros em si.
Imaginemos, no entanto, o lume conduzido. Tanto pode revelar o caminho de um santuário, quanto a trilha de um pântano.
Tanto ajuda os braços do malfeitor na execução de um crime, quanto auxilia as mãos do benfeitor no levantamento das boas obras.
Verificamos, no símile, que a energia mental, inelutavelmente ligada à consciência que a produz, obedece à vontade.
E, compreendendo-se no pensamento a primeira estação de abordagem magnética, em nossas relações uns com os outros, seja qual for a mediunidade de alguém, é na vida íntima que palpita a condução de todo o recurso psíquico.
Observa, pois, os próprios impulsos.
Desejando, sentes.
Sentindo, pensas.
Pensando, realizas.
Realizando, atrais.
Atraindo, refletes.
E, refletindo, estendes a própria influência, acrescida dos fatores de indução do grupo com que te afinas.
O pensamento é, portanto, nosso cartão de visita.
Com ele, representamos ao pé dos outros, conforme nossos próprios desejos, a harmonia ou a perturbação, a saúde ou a doença, a intolerância ou o entendimento, a luz dos construtores do bem ou a sombra dos carregadores do mal.

(Do livro: "Seara dos Médiuns", Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, FEB)