segunda-feira, 5 de outubro de 2015

TRAZ ELE DE VOLTA



Lembra-te dele,
nas suas lembranças mais esquecidas,
recorda seus sorrisos de primavera,
seus abraços de verão e
do balé das estações que era estar ao seu lado.

Traz ele de volta,
revive seu canto nas ruas por onde passa,
onde outras formas de pobreza grassa,
junto às pessoas que encontra esquecidas delas mesmas.


Traz ele de volta,
cultiva um pouco de esperança,
na atenção a uma criança,
no norte para um jovem,
na serenidade a um adulto,
na paciência com os que muito viveram.

Traz ele de volta,
sem temer a loucura e o feitiço do amor,
os risos, o deboche e a indiferença,
quando falares de ternura
e deres amizade verdadeira.
Dança sob a chuva,
silencia quando todos falarem,
fale quando muitos não quiserem ouvir.



Traz ele de volta,
na pobreza dos teus dias de tanta cultura,
mas vazia de sentimento.
Declama versos de simpatia
em estrofes de alegria.
Tece uma guirlanda de flores silvestres
e deposita-a na fronte de um doente.
Espalha sorrisos e pães,
carinhos e abraços,
beijando com doçura quem te pede compreensão.


Traz ele de volta,
em cada passo dos teus pés,
no compasso do amor que nunca se esgota na canção cheia de sol!
Semeia com teus olhos novas esperanças
e colhe sonhos de amor com teus gestos simples.


Traz ele de volta,
e vive a liberdade proposta no abraço que não retém, 
nos sorrisos que não aprisionam, 
nas conversas que não controlam,
nos gestos que não seduzem,
no silêncio que não recrimina nem examina, apenas acolhe!

Enfeita tua casa com guizos,
margaridas, rosas e jasmins, 
assa o pão da amizade e prepara o vinho da esperança,
e quando o vento cantar suas canções nos galhos do arvoredo,
mistura teu encanto ao dele e chama o pobrezinho para rir e amar,
Pois tudo o que ele mais deseja é ficar ao teu lado, de mãos dadas com você, 
como um menestrel do bem, um trovador da alegria,
fazendo versos de amor em meio aos reversos da vida.



Traz ele de volta...

(Nossa singela homenagem ao pobrezinho de Assis.)

(Do Livro "O Sol de Assis", Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Franco, FEB)